domingo, 21 de julho de 2013

NOSSO DESTINO

É sempre nas horas turvas da História que as grandes concepções sintéticas se formam no seio da humanidade. Então, as religiões decrépitas, com as vozes enfraquecidas pela idade, e as filosofias com a sua linguagem demasiadamente abstrata, já não são suficientes para consolar os aflitos, levantar os ânimos abatidos, arrastar as almas para os altos cimos. Todavia, ainda há nelas muitas forças latentes e focos de calor que podem ser reavivados. Por isso não compartilhamos das vistas de certos teóricos que, nesse domínio, cogitam mais de demolir do que de restaurar. Seria um erro. Há distinções a fazer na herança do passado e mesmo nas religiões esotéricas, criadas para espíritos infantis, as quais correspondem todas às necessidades de certa categoria de almas. A sabedoria consistiria em recolher as parcelas de vida eterna, os elementos de direção moral que elas contêm, eliminando ao mesmo tempo as superfetações inúteis que a ação das idades e das paixões lhes foi adicionando.

Quem poderia executar essa obra de discriminação, de seleção, de renovação? Os homens estavam mal preparados para isso. Apesar dos avisos imperiosos da hora presente, apesar da decadência moral do nosso tempo, nem no santuário nem nas cátedras acadêmicas se tem elevado uma voz autorizada para dizer as palavras fortes e graves que o mundo esperava. 

Só do Alto, pois, é que podia vir o impulso. Veio. Todos aqueles que têm estudado o passado, com atenção, sabem que há um plano no drama dos séculos. O pensamento divino manifesta-se de maneiras diferentes e a revelação é graduada de mil modos, conforme as exigências das sociedades. Foi por isso que, havendo soado a hora da nova dispensação, o Mundo Invisível saiu do seu silêncio. Por toda a Terra afluíram as comunicações dos defuntos, trazendo os elementos de uma doutrina em que se resumem e se fundem as filosofias e as religiões de duas humanidades. O escopo do Espiritismo não é destruir, mas unificar e completar, renovando. Vem separar, no domínio das crenças, o que tem vida do que está morto. Recolhe e ajunta, dos numerosos sistemas em que até o presente se tem encerrado a consciência da humanidade, as verdades relativas que eles contêm, para juntá-las às verdades de ordem geral que proclama. Em resumo, o Espiritismo vincula à alma humana, ainda incerta e débil, as asas poderosas dos largos espaços e, por esse meio, eleva-a a alturas donde pode abranger a vasta harmonia das leis e dos mundos e obter, ao mesmo tempo, visão clara do seu destino.

Esse destino se acha incomparavelmente superior a tudo que lhe haviam segredado as doutrinas da Idade Média e as teorias de outro tempo. É um futuro de imensa evolução que se abre continuamente para a alma, de esferas em esferas, de claridades em claridades, para um fim cada vez mais belo, cada vez mais iluminado pelos raios da justiça e do amor.


Extraído do Capítulo II - O critério da Doutrina dos Espíritos - da Primeira Parte de "O Problema do Ser, do Destino e da Dor" - Léon Denis

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